Os Maias

Esta série vai representar a categoria na minha listagem (apenas por falta de espaço. Além desta, que é a minha favorita, também entrariam: A Feiticeira, Seinfeld, The Handmaid’s Tale, Dexter, O Tempo e o Vento, Nashville, Downton Abbey, Mr. Selfridge, Feud: Bette and Joan, As Panteras, Mulher Maravilha, Game of Thrones, Penny Dreadful…

A minissérie co-produzida pela Globo e pela portuguesa SIC “Os Maias” é, para mim, o auge da produção televisiva brasileira. Uma obra-prima em todos os aspectos: da direção de atores e atuações irretocáveis de todo o elenco, passando por sua cenografia e figurinos e incluindo as composições exclusivamente elaboradas para a obra pelo maestro John Neschling, colocadas ao lado de canções do Madredeus.
Os mais fiéis queirosianos não aceitaram muito bem as alterações promovidas por Maria Adelaide Amaral em relação aos textos originas de Eça de Queirós, incluindo aqui a inserção de um segundo livro do autor em meio à densidade dramática de Os Maias: A Relíquia, o qual conta com tom farsesco.
No entanto, há de se defender a decisão. Livro é livro. Filme (ou neste caso, série) é filme. Os roteiros não necessariamente precisam ser fidedignos aos seus originais, mas capturar sua essência e respeitar não apenas os textos mas também a plataforma de sua exibição e características da audiência.
No caso da série “Os Maias”, a inserção de personagens e histórias de A Relíquia buscava criar um contraponto de humor ao drama central dos irmãos Maria Eduarda e Carlos Eduardo da Maia – vividos por Ana Paula Arósio e Fabio Assunção – em busca de um alcance maior da audiência na televisão. Não me incomodou, mas confesso que a versão em DVD, que pouco deixou de A Relíquia, sendo reeditada pelo diretor Luiz Fernando Carvalho, me agrada mais ao manter o foco na história central.
Outro ponto controverso esteve na inclusão do retorno de Maria Monforte (Marília Pera, em mais uma atuação sublime) para trazer as revelações finais da história. Não existente no original português, foi uma licença poética e dramática escolhida pela autora para também compor melhor a sequência final e a relevação da relação amorosa entre os irmãos, desconhecida por todos, incluído o próprio casal que foi aproximado por uma brincadeira cruel do destino.
“Os Maias” não alcançou os índices de audiência que a emissora pretendia – e vários motivos podem ser analisados, da densidade da história até as constantes variações de horários de sua exibição. Mas, de forma alguma, pode ser visto como um fracasso. Aqui a produção televisiva brasileira se mostra com toda a sua força e demonstra de maneira inquestionável a razão pela qual se encontra entre as melhores do mundo.

Os Maias, 2001 – Drama, Série
Direção: Luiz Fernando Carvalho

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